Profissional diz estar baseado em uma lei que diz que "as alterações do projeto ou plano original só poderão ser feitas pelo profissional que o tenha elaborado".
Keké não descarta a possibilidade de acionar a justiça caso insistam na construção do anexo (Foto: Reprodução)
O arquiteto José Asclepíade Rodrigues projetava, há 22 anos, a estrutura física da Câmara Municipal de Manaus (CMM), localizada no bairro Santo Antônio, zona Oeste da cidade. Hoje, o profissional questiona o porquê de não ter sido consultado sobre a construção de um prédio anexo e, ainda, ameaça acionar a Justiça caso alterem o projeto original sem sua autorização.
José Asclepíade, o Keké como é conhecido, disse que só soube da construção do ‘puxadinho’ da CMM pela imprensa local e que buscou a equipe técnica da Casa Legislativa para saber os motivos de não terem o consultado para tal obra. Segundo ele, até esta terça-feira (28), nenhum servidor da Câmara entrou em contato para falar sobre o tema.
Keké diz estar baseado na Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, que trata do exercício profissional da arquitetura onde, no seu artigo de número 18, diz que “as alterações do projeto ou plano original só poderão ser feitas pelo profissional que o tenha elaborado”.
“Se é um anexo, eu deveria ser consultado”, resume o arquiteto, que também não descarta a possibilidade de acionar a Justiça caso o presidente da Casa, David Reis (Avante), insista no projeto do anexo.
O arquiteto destaca que o prédio da CMM foi planejado sob o sistema drywall – uma técnica que apesar de ser usada nas construções brasileiras há vários anos, nos últimos tempos ganhou fama pela sua praticidade, custo benefício considerável e por se encaixar em diversas etapas dentro de uma obra. Ainda segundo Keké, o prédio original foi feito com uma tecnologia que permite ampliar ou reduzir os espaços sem a necessidade de grandes obras
“O sistema de drywall é muito flexível. Ele pode ser alterado rápido (…) o projeto pode ser repaginado, mas teria que ser criterioso”, pontuou Keké.
O modelo adaptável, inclusive, já foi abordado pelo vereador Amom Mandel (Podemos), que é contra a construção do anexo da CMM.
“Nunca usamos todos os auditórios de uma vez só e eles poderiam ser readequados para que os vereadores que têm gabinetes menores sejam realocados. Não há necessidade de construir um prédio novo, do zero, por R$ 32 milhões”, observou o parlamentar.
Procurada pela reportagem, a assessoria da CMM destacou que o projeto do anexo “ainda não chegou à fase de consultas ao autor da obra original”.
“O projeto ainda está no termo de referência, que é onde se elenca o que se precisa ter no prédio, na obra. O projeto arquitetônico ainda será feito. É nesta fase que o autor será consultado”, explicou a assessoria.
Texto: Rosianne Couto
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