A Câmara Municipal de Manaus (CMM) convocou uma tribuna popular com membros do sindicato dos feirantes para abordar a questão que diminuiu o movimento nas feiras.
O Amazonas possui 78 casos suspeitos de rabdomiólise e já registra o pior surto da história. No primeiro surto, em 2008, foram 27 casos e no segundo, em 2015, 74 casos. (Foto: Divulgação).
O Sindicato dos Feirantes do Amazonas cobrou, nesta quarta-feira (29), um combate mais efetivo à desinformação que relaciona o consumo de peixes a casos de rabdomiólise, enfermidade conhecida popularmente como “doença da urina preta”, no Amazonas.
O alerta foi dado na Câmara Municipal de Manaus (CMM), que convocou uma tribuna popular com membros do sindicato e um pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A proposta foi de autoria da vereadora Yomara Lins (PRTB).
O presidente do Sindicato dos Feirantes, David Lima, registrou que notícias falsas culpam o pescado pela disseminação da doença da urina preta e provocaram o sumiço de consumidores nas feiras da cidade.
Lima cobrou de órgãos sanitários, entre eles, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Governo do Amazonas, que intensifique ações de conscientização. “Não se vê nada, uma campanha de conscientização contra desinformação. Tudo por falta de uma informação precisa de técnicos da área”, disse.
Segundo ele, a região do Estado que registrou peixes contaminados fica no Baixo Amazonas, mais precisamente nos municípios de Itacoatiara e Urucurituba.
O sindicalista disse que, por causa do registro de casos no estado, alguns piscicultores precisaram descartar 100 toneladas de peixe. Ele afirma ainda que, atualmente, no setor de peixe da Manaus Moderna é possível “jogar futebol” em referência ao espaço vago no local em decorrência da ausência da clientela.
O pesquisador da Embrapa, Roger Crescêncio, explicou que o peixe de cativeiro não provoca a doença. Crescêncio esclarece que não é possível determinar como a contaminação ocorre. Conforme a explicação do pesquisador, a toxina não altera o gosto do peixe e que, duas horas após o consumo do pescado contaminado, a pessoa começa a passar mal.
“De 300 toneladas, são raríssimos os casos. São algumas contaminações na natureza. Nunca aconteceu na piscicultura”, destacou.
Um representante jurídico do sindicato pediu que o Governo do Amazonas compre e distribua o pescado para evitar que feirantes percam a renda. Eles também querem a criação de um auxílio emergencial para profissionais do peixe. Vereadores que acompanhavam a tribuna popular fizeram coro ao pedido.
O Amazonas possui 78 casos registrados de rabdomiólise, o que representa o pior surto da história. No primeiro, em 2008, foram 27 casos e no segundo, em 2015, 74 casos.
Do total de casos registrados neste ano, 63 (81%) estão em investigação epidemiológica e 15 (19%) foram descartados.
Texto: Jefferson Ramos
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