Vice-presidente da CDL Manaus, Ezra Benzion, avalia que prejuízos foram inevitáveis, decorrentes das medidas de restrições. Mesmo assim saldo de empregos foi positivo.
Lojas precisaram fechar as portas novamente em 2021 (Foto: Reprodução)
Fechamento de mais de 2,2 mil empresas e 29,5 mil demissões: esse foi o saldo contabilizado pelo comércio, no Amazonas, desde o início da pandemia da Covid-19, segundo dados da Junta Comercial do Estado (Jucea) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Os dados, tanto do número de empresas abertas como de empregos, se referem ao período de março a dezembro de 2020.
Com relação aos empregos, no entanto, apesar das demissões, o saldo do ano fechou positivo, com mais de 3.700 vagas.
O vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDLM), Ezra Benzion, avalia que os prejuízos foram inevitáveis, decorrentes das medidas de restrições decretadas pelo governo do estado em combate à Covid-19.
Benzion afirma que os prejuízos podem ser ainda maiores, caso não recebam qualquer ajuda do poder público.
“Após a reabertura do comércio algumas empresas conseguiram se recuperar, mas, em seguida precisamos fechar as portas novamente. É um outro momento da economia, com as empresas ‘soltas’, sem qualquer ajuda do Governo Federal e o estado auxiliando de forma ‘tímida’”, disse. “Precisamos reabrir. Caso contrário, a situação tende a piorar ainda mais”, concluiu.
Para o presidente da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Jorge Lima, as lojas do centro da cidade acabam sendo mais prejudicadas em relação às dos demais bairros. “Vemos na zona Leste o funcionamento normal do comércio, tudo funcionando. Vemos que o governo não consegue fiscalizar naquela área da mesma forma que atua na área central”, criticou.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes-Seccional Amazonas (Abrasel-AM), Fábio Cunha, relatou que por conta do fechamento do comércio, o setor de alimentação fora do lar, que conta com 13 mil estabelecimentos, perdeu nos últimos meses 30% das empresas e, em consequência, houve demissões.
“Nesta semana, duas lojas Cachaçaria do Dedé encerraram as atividades. O governo, o Ministério Público, a Defensoria Pública, todos acham que esse é o curso normal das coisas, mas não é. As empresas estão fechando. Tudo está incentivando a clandestinidade, o não pagamento de impostos e contratações ilegais”, disse.
O presidente considera que uma das alternativas para contornar o problema seria a intermediação junto ao Governo Federal solicitando subsídio ao setor e medidas como a suspensão de contratos de trabalho.
Nesta quinta-feira (4), o presidente da Abrasel e o governador Wilson Lima (PSC) discutiram as demandas do segmento.
Durante o encontro, foram discutidas alternativas de flexibilização e ações fiscais. Uma nova reunião será realizada nesta semana com o setor.
“O governador tem chamado para conversar e ele está avaliando o que a gente colocou aqui através dos pleitos”, disse o presidente da Abrasel, Fábio Cunha.
“É imprescindível mantermos esse diálogo. Não fosse essa circulação rápida do vírus, não teríamos restringido atividades, mas a situação epidemiológica nos colocou nessa situação. Agora, nós sabemos das perdas e temos trabalhado para minimizar isso. Também estamos discutindo o que pode ser flexibilizado com segurança porque ainda não temos uma situação confortável do vírus no estado”, explicou o governador.
Reportagem: Priscila Caldas
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