Estudo Tela Amazônia identificou que a maioria das produtoras de audiovisual no Amazonas atua há dez anos no mercado e 98,4% estão formalizadas.
Produtoras de audiovisual no Amazonas buscam menor dependência de editais (Foto: Reprodução)
Produtoras do Amazonas de audiovisual (filmes, séries, documentários, animações etc) reduziram, em média, em 40% as contratações nos últimos dois anos devido a descontinuidade das políticas públicas para o setor e por causa da pandemia da Covid-19. A informação consta de um mapeamento do setor no Estado, o ‘Tela Amazônia‘.
O estudo identificou que a maioria das produtoras locais estão no mercado há dez anos, sendo 98,4% formalizadas.
Grande fomentador de projetos entre longas, séries, animações e outros formatos entre 2014 até 2018, os editais do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) foram suspensos a partir do impeachment da presidente Dilma Roussef (PT), o que impactou o setor no País como um todo.
“A gente vinha de um crescente do setor no Brasil desde 2014 com políticas que fizeram descentralizar o repasse de recursos, em várias linhas de fomento de produções fora do eixo. A partir do impeachment da Dilma, as políticas não tiveram continuidade e isso se refletiu nos Estados e Municípios”, diz o produtor executivo do mapeamento, Clemilson Farias.
Ele destaca que além disso, a pandemia da Covid-19, entre 2020 e 2021, também contribuiu para essa redução de contratações pois a atividade foi bastante afetada com as medidas restritivas, que embora necessárias para conter o vírus, restringiram filmagens e exibições para grande audiências.
A descontinuidade das políticas públicas e a falta de recursos são apontados por 54% como os principais impedimentos para o desenvolvimento da produção audiovisual no Estado.
Para 85% dos entrevistados, o desenvolvimento do setor, no Amazonas, necessita de políticas públicas fortalecidas e contínuas, mas também de maior compreensão das ferramentas de captação de recursos privados e formação especializada dos agentes do setor local.
“Isso expõe que as empresas têm consciência de que elas ainda são muito dependentes das políticas públicas e que precisam também buscar e conhecer modelos de negócios que as ajudem a superar essa dependência”, explica Clemilson.
O setor aguarda no momento a decisão do presidente Jair Bolsonaro em relação às leis Aldir Blanc 2 e Paulo Gustavo, que destinam recursos para a Cultura, incluindo o setor audiovisual. Se sancionadas, as leis podem reativar linhas de fomento que reaquecerão a atividade no País.
O próprio levantamento foi contemplado com edital do Programa Cultura Criativa – 2020/Lei Aldir Blanc – Prêmio Feliciano Lana, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, com a supervisão da Secretaria Especial de Cultura vinculada ao Ministério do Turismo.
O mapeamento também identificou outras demandas do setor como a procura por capacitação de funções técnicas para execução dos projetos. Em especial, as [demandas] por roteiro, profissionais de som direto, de pós-produção de som, edição e preparação de elenco.
Como diz o texto do estudo, “a falta de mão de obra qualificada faz com que muitos dos processos de produção das obras, realizadas no estado, necessitem ser finalizadas nas outras regiões do País”.
Apesar das deficiências, mais da metade das produtoras (53%) já licenciaram conteúdo para a televisão. No entanto, 66% delas não realizaram coprodução nacional. Outros 83% não realizaram coprodução internacional e somente 8% tiveram produção exibida em circuito comercial de cinema.
Por isso mesmo, 64% têm como meta ter produções voltadas para exibição em circuito comercial de cinema.
Confira a pesquisa na íntegra
Texto: Emerson Medina
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