Um dia depois de garantir 11,3 milhões de doses para este mês, Ministério da Saúde volta atrás e diz que só vai conseguir distribuir 2,7 milhões de doses aos estados.
Butantan vai entregar apenas 2,7 milhões de doses para fevereiro, o que corresponde a 30% do total prometido (Foto: Reprodução)
Um dia depois de prometer enviar 220 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 até julho aos estados, o Ministério da Saúde anunciou na quinta-feira (18), que não vai cumprir o cronograma elaborado pela própria pasta.
Na quarta-feira (17), o Ministério garantiu a distribuição, ainda no mês de fevereiro, 11,3 milhões de doses, sendo a maior parte delas (9,3 milhões de doses) da CoronaVac e outras 2 milhões da vacina de Oxford.
Nesta quinta-feira, no entanto, o Governo Federal mudou o discurso e afirmou que o Instituto Butantan vai enviar apenas 2,7 milhões de doses para fevereiro, o que corresponde a 30% do total prometido.
Continuamos sem saber, no entanto, a data de distribuição e o quantitativo real de doses a serem enviadas para o Amazonas.
Por meio de nota distribuída à imprensa, o Ministério da Saúde justifica que foi informado sobre a diminuição no ritmo de produção dos imunizantes somente nesta quinta-feira e que “ a redução no número de vacinas quebra a expectativa do Ministério da Saúde de cumprir o cronograma divulgado ontem (17/2) pelo ministro Eduardo Pazuello”.
Em reunião com prefeitos da Região Metropolitana de Manaus na última segunda-feira (15), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, alardeou para a imprensa que o Amazonas seria o primeiro estado a ter 100% de sua população vacinada.
De acordo com o ministro, a aceleração do Plano Nacional de Imunização iniciaria na próxima segunda-feira (22) com a vacinação público-alvo a partir de 50 anos de idade.
A meta era vacinar, em 10 dias, todas as pessoas desse grupo, nos 13 municípios. Somente Manaus seriam vacinadas 267 mil pessoas, de acordo com dados divulgados pela Prefeitura.
Na ocasião, o ministro anunciou que a aceleração seria possível porque o Ministério da Saúde teria recebido dois lotes dos dois laboratórios que já estão produzindo vacinas, o Butantan e a Fundação Osvaldo Cruz, até o dia 22 de fevereiro.
Agora, com a redução de 70% no número de doses que serão distribuídas aos estados, o sonho da imunização coletiva ficou sem previsão para acontecer.
Em resposta, o Instituto Butantan diz que “o Ministério da Saúde omite e ignora fatos em seu comunicado oficial” e atribuiu o atraso no recebimento da matéria-prima para produção de vacina ao “desgaste diplomático causado pelo governo brasileiro em relação à China”.
“Além disso, não houve qualquer empenho da União na liberação dos insumos junto ao Governo Chinês”.
Ainda segundo nota, o Instituto declara que “é inacreditável que o Ministério da Saúde queira atribuir ao Butantan a responsabilidade pela sua completa falta de planejamento, que acarretou a falta de vacinas para a população em diversos municípios do país”.
Confira a nota na íntegra:
“O Ministério da Saúde omite e ignora fatos em seu comunicado oficial. Deixa de informar que, como é de conhecimento público, o desgaste diplomático causado pelo governo brasileiro em relação à China provocou atrasos no envio da matéria-prima necessária para a produção da vacina.
Além disso, não houve qualquer empenho da União na liberação dos insumos junto ao Governo Chinês.
Mesmo assim, 9 em cada 10 vacinas contra o coronavírus usadas atualmente na rede pública são do Instituto Butantan.
A autorização para envio da matéria-prima só ocorreu após intervenções feitas pelo Governo de São Paulo.
É inacreditável que o Ministério da Saúde queira atribuir ao Butantan a responsabilidade pela sua completa falta de planejamento, que acarretou a falta de vacinas para a população em diversos municípios do país.
O Butantan já entregou 9,8 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus ao Ministério da Saúde, o que corresponde a 90% de todas as vacinas usadas na rede pública do país.
O primeiro contrato firmado em 7/1 com a pasta federal previa a entrega de 8,7 milhões até 31 de janeiro, mas o Butantan antecipou o envio das doses, que foram disponibilizadas em 17/1 (6 milhões), 22/1 (900 mil) e 29/1 (1,8 milhão).
Em 5/2 um novo lote de 1,1 milhão de doses foi enviado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Por meio de um grande esforço de produção será possível antecipar de setembro para agosto a entrega do total de 100 milhões de doses contratadas.
A partir do próximo dia 23/2 está prevista a entrega de 3,4 milhões de doses, em oito entregas diárias de 426 mil.
O Butantan tem pressa em fornecer vacinas para a população brasileira.
Tanto que criou uma força-tarefa para acelerar a entrega de doses para todo o país, com a duplicação do número de funcionários do setor de envase de 150 para 300 profissionais.
Apesar da completa ausência de planejamento do governo federal em relação à vacinação no Brasil e da falta de empenho da diplomacia brasileira que culminou com o atraso na liberação de insumos, o instituto trabalha diuturnamente para viabilizar novas entregas de doses ao PNI.”
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