Fundadora do PT, a pós-doutora em Ciência Sociais, Marilene Corrêa avalia o cenário político atual e a corrida presidencial com seus efeitos para a democracia no País.
Marilene Corrêa assina prefácio do livro 'Nossas Utopias' do ex-senador pelo PT, João Pedro (Foto: Divulgação/USP)
Pós-doutora em Ciências Sociais, fundadora do Partido dos Trabalhadores no Amazonas, Marilene Corrêa esteve no último dia 6, prestigiando o lançamento do livro ‘Nossas Utopias’ do ex-senador, João Pedro, obra na qual assina o texto do prefácio. Na ocasião, Marilene Corrêa conversou com o RealTime1 onde defendeu a tese de que a possibilidade de uma derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas será um marco de maturidade do eleitorado e da democracia.
Segundo a ex-reitora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), se confirmado o que dizem hoje as pesquisas de intenção de voto, a vitória do petista e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será a confirmação de que o país decidiu, num curto espaço de tempo, mudar radicalmente de rumo, mesmo Bolsonaro também tendo sido eleito de forma democrática.
“Se assim for, será um importante marco da maturidade do eleitorado. Será uma afirmação no sentido de ‘eu elegi, mas também posso não eleger mais’. É diferente do processo de redemocratização (1985 até a primeira eleição direta em 1989) onde havia um antagonista explícito (a Ditatura), mas que não havia sido eleito. Agora, é o embate de duas forças dentro do próprio seio da democracia”, analisou.
Ela celebra o momento em que Lula aparece liderando as pesquisas de intenção de votos, contrariando todas as previsões da época da eleição de Bolsonaro de que as esquerdas no país estavam fadadas à extinção.
“Eu sou da área das Ciências Sociais e nós sabemos que as forças políticas não morrem, elas ficam latentes. Em determinados momentos elas ficam mais calmas, em outros, conforme as conjunturas, elas reaparecem”, afirmou.
Na avaliação da cientista social, Bolsonaro não tem nada a oferecer que consiga superar o que foi feito em investimentos em Educação, Ciência, Tecnologia, avanços sociais e econômicos nas últimas décadas no País.
“Dificilmente vamos regredir a esse estado de subsistência, graças à esturuta de mentalidades e de Educação e também por uma decisão das forças produtivas, não somente das esquerdas”, disse Marilene, falando do empresariado desgastado com o atual presidente. “As forças produtivas que apoiaram Bolsonaro já estão cansadas e envergonhadas”.
Ela continua, dizendo que o recuo nos movimentos de esquerda, após a ascensão da direita ao poder no país, ocorreu em menor tempo do que era esperado.
“Era de se esperar que essas pessoas estivessem escondidas. No entanto, essas pessoas têm base, têm estruturas muito fortes, não são agentes de aluguel. Elas foram muito longe, na Educação, na questão ambiental, no comprometimento com o Ministério Público. Avançamos muito nos direitos territoriais dos povos originários (…) Temos tudo para alcançar outro patamar civilizatório, mas precisamos de agência política: dos intelectuais, dos trabalhadores, da imprensa independente, das forças produtivas, dos políticos”.
Texto: Emerson Medina
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