Grandes multinacionais do setor de bebidas não alcoolicas estão atualmente instaladas no PIM e dependem de insumos produzidos no interior para a fabricação de xaropes.
Decreto que zera o IPI de concentrados terá impactos na economia dos municípios (Foto: Reprodução)
Não é só o Polo Industrial de Manaus (PIM) que deverá sofrer as consequencias negativas da decisão do governo federal que zerou as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrial (IPI) para concentrados de refrigerantes. Políticos e especialistas são unânimes em afirmar que o decreto n. 11.052 também representa um duro golpe para produtores rurais do Estado, em especial dos municípios de Maués – maior produtor de guaraná do estado, com 20 mil toneladas por ano -, e Presidente Figueiredo – responsável por grande parte da produção amazonense de açaí e cana-de-açucar.
Grandes multinacionais do setor de bebidas não alcoolicas, como a Coca-Cola e Ambev, estão atualmente instaladas no PIM e dependem de insumos produzidos nesses municípios para a fabricação dos xaropes – principal matéria-prima na produção de refrigerantes.
Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), economista Marcus Evangelista, o decreto específico para o setor dos concentrados traz uma preocupação muito grande, ja que além dos 7.500 empregos diretos na indústria, essas cadeias produtivas também serão diretamente atingidas.
“Maués e Presidente Figueiredo, por exemplo, empregam pessoas que produzem insumos para as indústrias de concentrados e podem, simplesmente, ficar sem esses postos de trabalho, caso as empresas decidam realmente sair da Zona Franca de Manaus, uma vez que o decreto diminui a competitividade”, avalia .
O governador Wilson Lima também afirmou que a preocupação com o decreto que zera o IPI do polo de concentrados é em relação aos impactos na economia dos municípios.
“Essas empresas investem numa fábrica de açúcar, que tem no município de Presidente Figueiredo; investem na cadeia do guaraná lá do município de Maués, onde é o maior banco genético de guaraná do mundo; investem também na cadeia do açaí, que é uma cadeia produtiva muito significativa no estado do Amazonas”, completou Wilson Lima.
Já o senador Omar Aziz questinou a decisão que, segundo ele, “acaba com um polo inteiro da Zona Franca de Manaus”. Ele acrescenta ainda que a redução a zero das alíquotas do IPI não terá impacto na economia do país, uma vez que o produto não tem influencia na inflação.
“O presidente sabe da importância desse segmento para o Amazonas, pois é um setor que gera empregos em Maués, em Presidente Figueiredo e em muitos outros municípios que produzem açaí. O presidente tem consciência do que está fazendo, mas a troco de quê? Os concentrados não influenciam em nada a inflação”, questiona o senador.
Texto: Lucas Raposo
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