Auditores consideram fala de Bolsonaro de postergação, para 2023, da concessão do aumento salarial para policiais como tentativa de esfriamento das manifestações pelo país.
Auditores fiscais da Receita Federal afirmam que manterão operação padrão (Foto: Reprodução)
Auditores fiscais da Receita Federal darão continuidade à operação padrão nos portos e aeroportos do estado. Segundo o Sindfisco Nacional no Amazonas, a fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre uma possível postergação, para o próximo ano, da concessão do reajuste salarial para as forças de segurança, externa uma tentativa de ‘esfriamento’ da mobilização nacional das demais categorias dos servidores públicos federais que também pleiteiam aumento salarial.
Durante entrevista concedida à TV Brasil na última sexta-feira (11), Bolsonaro afirmou que, se não houver ‘entendimento’ das demais categorias de servidores públicos federais, o reajuste salarial prometido por ele para policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários, será postergado para 2023.
“Tem uma polêmica sobre que teríamos reservado — e é verdade — quase R$ 2 bilhões para conceder reposições à PF, à PRF e ao pessoal que trabalha no sistema penitenciário. Houve uma grita geral. Muitos servidores querem aumento também. Eu acho que todos merecem aumento, todos merecem realmente porque trabalham, mas a pandemia nos deixou numa situação sem recursos. Se houver entendimento, por parte dos demais servidores – alguns ameaçam greve -, a gente pretender conceder essa recomposição aos policiais federais, rodoviários federais e os agentes penitenciários. Se não houver entendimento, a gente lamenta e deixa para o ano que vem”, declarou.
Para o vice-presidente do Sindfisco no Amazonas e coordenador regional do Comando de Mobilização, Marcos José de Souza Neto, a fala do presidente foi apenas uma tentativa de esfriamento dos movimentos sindicalistas dos diversos segmentos públicos federais, que pleiteiam aumento salarial.
Neto afirma que os auditores fiscais em todo o país permanecem na adesão ao movimento reivindicatório, sem previsão para encerramento.
“Bolsonaro tentou criar um sentimento de arrefecimento, de esfriamento do movimento que reivindica o cumprimento do compromisso firmado pelo governo federal com os auditores. Porém, o resultado está sendo contrário porque vemos que o movimento está ganhando mais força e terá continuidade”, afirmou.
Segundo o vice-presidente, a Receita Federal em Brasília (DF) está relutando oficializar as exonerações dos profissionais que entregaram os cargos nos últimos dois meses. Desde dezembro, delegados e chefes de divisão da Receita Federal pediram exoneração dos cargos como forma de pressionar o governo a atender às solicitações da categoria.
A partir da oficialização das exonerações no Diário Oficial da União (DOU), toda a parte documental que precisa das assinaturas e encaminhamento desses gestores será encaminhada para a Receita Federal em Belém e para Brasília, ocasionado acúmulo documental e maiores entraves nas liberações.
Em Manaus, dos 30 profissionais, entre delegados e chefes de divisão da Receita Federal, que pediram exoneração, 14 tiveram os nomes publicados pelo DOU.
Texto: Priscila Caldas
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