Deputados do Amazonas avaliam que a redução do imposto torna o produto importado mais competitivo do que o nacional, impactando os empregos da Zona Franca de Manaus.
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) ficou em 1,4% em setembro, o maior percentual para o mês desde 1994. Acelerou em relação a agosto, quando marcou 0,89% (Foto: Divulgação)
A decisão do Ministro da Economia, Paulo Guedes, de reduzir o Imposto de Importação em 10% para conter a alta da inflação vai prejudicar as indústrias instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM) e foi fortemente criticada pelos deputados federais do Amazonas.
Para o deputado federal José Ricardo (PT), reduzir imposto de importação é atacar mais uma vez a Zona Franca de Manaus (ZFM), pois promove ainda mais a abertura de mercado e tornando o produto importado mais competitivo frente ao nacional. A consequência, conforme José Ricardo, será mais desemprego e aumento da crise e a fome no País e no Amazonas.
“Essa medida não ataca o problema principal. Sendo concretizada, irá atingir todos os segmentos da indústria nacional. Vamos ter uma série de consequências, agravando ainda mais a economia do País e do Amazonas. Primeiro, será a geração de empregos em outros países e depois a desindustrialização, quando se deveria apoiar neste momento as grandes, médias e pequenas e micro empresas brasileiras”, analisou Zé Ricardo. “Mas o Governo quer fazer o contrário, aumentando a dependência de importações. Para o Amazonas, a situação é dramática, podendo gerar muito mais desemprego. Algumas empresas da ZFM já paralisaram as suas atividades, por conta das indefinições do atual Governo”, completou o petista.
O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) alertou que a redução da alíquota vai impactar diretamente na perda de milhares de empregos no PIM.
“Isso representa o golpe fatal no PIM, porque na hora que diminuir 10%, os preços daquilo que é produzido na Zona Franca de Manaus perderão competitividade diante dos importados. O que nós vamos ver é aquele mesmo quadro de 1990, quando milhares de trabalhadores do Distrito Industrial foram mandados embora e centenas de empresas quebraram e fecharam”, lembrou Serafim. “Meu repúdio à política econômica do governo, completamente equivocada. O que temos é uma instabilidade política. O presidente tem que ficar na dele e parar de falar besteira ou vamos ter cada vez mais um dólar inflado e com isso a inflação indo lá para cima”, acrescentou o pessebista.
Discursando para uma plateia de empresários em evento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) na quarta-feira, Guedes prometeu reduzir as alíquotas do imposto de importação em 2022.
Segundo ele, como as eleições ocorrerão no próximo ano e os políticos estarão em campanha, o governo fará reformas que não precisam de votação do Congresso. “Ano que vem, ano de eleição, os políticos estarão ocupados. Não tem problema. Vamos reduzir as tarifas de importação, devagarzinho. Vamos colocar todo mundo na musculação ao invés de ficar vendo Netflix. Vamos botar a indústria para correr”, declarou Paulo Guedes.
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) ficou em 1,4% em setembro, o maior percentual para o mês desde 1994. Acelerou em relação a agosto, quando marcou 0,89%.
No ano, o índice acumula alta de 7,02%. E, em 12 meses, passou de 9,30% em agosto para 10,05% em setembro. Em setembro, 8 dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta no mês. O maior impacto (0,46 p.p.) e a maior variação (2,22%) vieram do grupo Transportes.
Texto: Jefferson Ramos
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