Alessandra Campêlo chamou os opositores de “atores muito mal preparados” e cobrou os depoimentos de representantes da pasta da saúde em governos anteriores
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Os debates em torno do processo de impeachment do governador Wilson Lima (PSC) e do vice-governador Carlos Almeida (PTB) acirraram os ânimos dos parlamentares da Assembleia Legislativa (Aleam) durante o grande expediente desta terça-feira (28).
Após o pronunciamento de Dermilson Chagas (Pode), a deputada estadual Alessandra Campêlo (MDB) denunciou que parlamentares de oposição ao governo utilizam o processo de impeachment como palanque político por não apresentarem propostas, com relação ao pleito municipal de 2020.
Dermilson Chagas, por sua vez, utilizou o tempo na tribuna para falar que o Wilson Lima deve ser afastado, com base no depoimento da ex-gerente de compra da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Alcineide Figueiredo à Polícia Federal. Ela teria fornecido detalhes de como foi a compra de respiradores.
“Era para o governador ter vindo a público. Mandar investigar e pedir para a ouvidoria abrir um processo contra essas pessoas. Mas até agora o silêncio paira”, disse o parlamentar.
O parlamentar também criticou o relator da Comissão, deputado estadual Dr. Gomes (PSC) por ele ter alegado estar com o relatório quase pronto. Dermilson Chagas disse que Dr. Gomes “não leu nem 10 páginas do processo”.
Alessandra Campêlo rebateu a fala de Dermilson Chagas, afirmando que inquéritos da Polícia Federal não são objetos da denúncia do impeachment. Mas, a parlamentar também disse que não é possível julgar um acusado com bases em crimes que não estão no processo, sob o risco dos procedimentos serem anulados.
A parlamentar utilizou como exemplo a anulação feita pelo Supremo Tribunal Federal, junto à Comissão de Impeachment do Rio de Janeiro, do processo impedimento do Wilson Witzel (PSC). Alessandra Campêlo disse que os trabalhos da Comissão foram desfeitos porque não seguiram os ritos legais.
“Há pessoas que querem fazer barulho até chegar a eleição municipal. Pessoas que apoiam grupos ou candidatos que não têm, sequer, uma proposta apresentada para a cidade de Manaus. Mas, precisam de um Cristo ou de vários cristos para serem crucificados no decorrer desse processo”, disparou Alessandra Campelo.
O deputado estadual Wilker Barreto (Pode) pediu um aparte no tempo da deputada, mas Alessandra concedeu apenas um minuto ao parlamentar. Entretanto, após o pronunciamento de Alessandra, Wilker disse que está aberto ao debate e argumentou que a Casa é sensível aos fatos que ocorrem além da Comissão do Impeachment.
“Quero falar aos meus pares que os debates vão ficar mais acalorados. No entanto, aqueles que se incomodarem com o debate, é o nosso patrão (o povo) que vai julgar. Eu não rebaixo o tom e o nível”, disse.
Alessandra Campêlo chamou os opositores de “atores muito mal preparados” e cobrou os depoimentos de representantes da pasta da saúde em governos anteriores de Wilson Lima na CPI da Saúde. A parlamentar disse que a empresa Norte Serviços Médicos, na gestão de Amazonino Mendes, recebeu mais de R$ 11 milhões.
A proprietária da empresa da empresa foi convocada pelos membros da CPI da Saúde para falar sobre os pagamentos recebidos do atual governo pelos serviços de lavanderia.
“Cadê os secretários daquela época? É uma justiça seletiva que vai ser feita nessa casa? Eu não vou admitir um deputado que foi líder do governo que pagou R$ 11 milhões à lavanderia, que vende de alfinete a foguete, querer vir aqui querer desmoralizar os colegas deputados”.
O deputado estadual, Delegado Péricles (PSL), que preside a CPI da Saúde, afirmou que a Comissão realiza um trabalho técnico e investigativo. Além disso, o parlamentar disse que não vai abrir mão de convocar ex-secretários ou ex-governadores caso irregularidades sejam constatadas pelos membros da CPI.
“O que estamos fazendo é apurando fatos. Assim que surgem os nomes de pessoas, nós convocamos. No caso específico de semana passada, nós apresentamos irregularidades da empresa Norte, durante a gestão de 2017, e as pessoas estão sendo convocadas. Não há intenção de caçar bruxas. Estamos na CPI para apurar fatos”, disse o deputado.
Texto: Izaías Godinho
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