quarta-feira, 15 de maio de 2024

faça parte da Comunidade RT1

Pesquisa indica que 51% das mulheres já sofreram violência política

O levantamento mostra também que 89% das mulheres não se sentem representadas pelos homens. Para 95,4% das participantes, não há número suficiente de mulheres na política.
COMPARTILHE
política

Ofensas, ataques sexuais, fake news, agressão nas redes sociais. Esses são alguns exemplos de violência política que afastam as mulheres e causam a baixa representatividade feminina nos espaços de poder.

De acordo com pesquisa inédita realizada pelo Instituto Justiça de Saia, 51% das mulheres relataram que já sofreram alguma das condutas de violência, sejam como eleitoras, candidatas ou no exercício do mandato. A pesquisa vai mapear a violência política contra mulheres no país até outubro de 2022.

Dentre as formas de violência relatadas pelas mulheres entrevistadas estão as ofensas morais e os xingamentos (50,3%), a exclusão, expulsão ou restrição a espaço político (35,9%), as ameaças (21,6%), os ataques sexuais (18%), as fake news (16,8%), a agressão física (6%) e a invasão de redes sociais (7,4%).

Por não confiar no sistema Judiciário, não saber onde denunciar, medo ou vergonha, apenas 9,4% denunciaram seus agressores.

Alessandra Campêlo acredita que o cenário vai demorar para mudar

Representando as mulheres que atuam na política amazonense, a deputada estadual licenciada, Alessandra Campêlo (MDB), atual titular da Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas), relatou ao RealTime1 sobre o que sofreu ao entrar neste universo.

Receba notícias do RT1 em primeira mão
quero receber no Whataspp
Quero receber no Facebook
Quero receber no Instagram

”A mulher, quando usa um tom mais incisivo ou até mesmo levanta a voz em determinadas situações, é chamada de louca, histérica e rude. Passei por situações assim quando iniciei meu primeiro mandato. Eram 23 homens na Assembleia e apenas eu como deputada. Naquele momento, eu era a única voz das mulheres”, contou.

Alessandra acredita que o processo para mudar este cenário é longo e demorado.

”É uma luta que ainda vai demorar, mas precisa ser feita. E mesmo levantando essa bandeira, isso não me impede de apresentar projetos em outras áreas, como fiz para a saúde, pessoa idosa, educação e segurança pública, defendendo o atendimento de qualidade a população”.

‘Descontrolada’

Durante uma audiência na CPI da Pandemia, no dia 21 de setembro, a senadora  Simone Tebet (MDB-MS) foi ofendida pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, ao ser chamada de descontrolada.

A fala do ministro gerou reações inflamadas de senadores, acusações de machismo e o reconhecimento, mesmo entre membros da base governista, de que a resposta de Rosário à senadora foi despropositada e ”fora do tom”.

”No momento em que nós estávamos mostrando as incongruências de tudo que estava sendo dito, ele não aguentou e obviamente partiu para pronunciamentos e falas infelizes”, contemporizou a senadora após afirmar que o ministro havia lhe pedido desculpas.

Falta de representatividade

O levantamento mostra também que 89% das mulheres não se sentem representadas pelos homens na política. Para 95,4% das participantes, não há número suficiente de mulheres na política. E 96,7 % acreditam que a existência de mais mulheres na política impacta positivamente o desenvolvimento de políticas públicas e ações em prol das mulheres.

Do universo das 155 mulheres entrevistadas, 13,1% afirmam ter se candidatado a algum cargo público, 123 não foram eleitas (79,4%) e 121 relatam que a promessa de campanha para a candidatura não foi cumprida pelo partido. 90,8% concorreram a cargos de vereadora, 11,8% a deputada estadual, 3,9% a prefeita, 3,3% a vice-prefeita, 10,5% a deputada federal e 1,3% a senadora. Das candidatas eleitas, 42 (29,4%) exercem alguma liderança na casa legislativa local.

Texto: João Luiz Onety, com informações do Congresso em Foco

Leia Mais:

COMPARTILHE