O pesquisador Jessem Orelana diz que não sabe como denominar a atuação da CMM. Isso se dá pelo fato de que não é possível ver o que o legislativo fez no combate à pandemia.
Câmara precisa realizar ações efetivas, defende pesquisador (Foto: CMM)
“Não sei o melhor adjetivo seria omisso ou conivente”. A fala é do pesquisador da Fiocruz Amazônia, Jessem Orelana, sobre a atuação da Câmara Municipal de Manaus (CMM), no enfrentamento da pandemia de Covid-19 na cidade.
De acordo com Jessem, a “indecisão” sobre como denominar a atuação da CMM se dá pelo fato de que não é possível ver o que o Legislativo fez na primeira onda da doença e esse erro tende a se repetir nesta segunda onda de Covid-19.
“[Na segunda onda] vemos a situação se repetir, com os mesmos erros cometidos pelos governos [na primeira onda]. Não é possível ver nada de consistente ou razoável sendo proposto pelo Poder Legislativo de Manaus”, disse.
O pesquisador sugere que algumas ações poderiam e ainda devem ser realizadas pelo poder, como investimento na atenção básica, alocação de verbas para investir na testagem em massa no município, mesmo a capital tendo passado pela primeira e, tragicamente agora, pela segunda onda.
Outro exemplo sugerido por Jessem é o aumento do número de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para o atendimento de suspeita e casos confirmados de Covid-19.
“Nós não vemos, por exemplo, medidas de prevenção ao coronavírus, seja por meio da imprensa, mídias, atividades comerciais, ensino, etc. O que vemos é um Legislativo paralisado e que acaba propondo coisas absurdas, como transformar todo e qualquer tipo de serviço em essencial”, disse, referindo-se ao projeto do vereador William Alemão (Cidadania).
Em 2020, a Comissão de Saúde da Câmara era comandada pelo vereador Marcelo Serafim (PSB), que é da área farmacêutica e hoje é líder do prefeito na CMM.
Em meados de julho, quase um mês após a primeira reabertura do comércio em Manaus, a comissão defendia a tese de que a possibilidade de Manaus passar por um novo pico de Covid-19 nos próximos meses era zero.
À época, a tese era defendida com base a curva decrescente do número de casos e de óbitos. Mesmo período em que cientistas já alertavam sobre uma segunda onda do vírus, o que de fato está acontecendo na cidade.
Os vereadores destinaram, ainda em 2020, R$ 9 milhões à Prefeitura de Manaus para a compra de vacinas e, no orçamento deste ano, foram reservados R$ 5 milhões para o mesmo objetivo.
O atual presidente da comissão, Daniel Vasconcelos, disse ao RealTime1 que a comissão já protocolou algumas indicações ao Executivo. Entre elas, ele citou a diminuição de filas nas Unidades Básicas de Saúde para que haja fluxo melhor; melhores acomodações dos pacientes; e reposição de oxigênios. O vereador não explicou como as filas seriam reduzidas nas UBSs.
“Nós faremos indicações ao prefeito em relação a contratação de fonoaudiólogos para auxiliar no tratamento de pacientes com sequelas da covid. Além de indicar que as gestantes sejam assistidas, pois soubemos de, mesmo ainda sem comprovação científica, que muitas gestantes estão falecendo em decorrência da doença”, afirmou.
Texto: Milena Soares
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