Pedro Benedito Batista Júnior é acusado de pressionar médicos contratados pela empresa para prescrever os remédios do chamado kit Covid para o tratamento precoce.
Pedro Benedito era esperado para depor na última quinta-feira, mas faltou alegando não ter tido tempo hábil para ir a Brasília (Foto: Reprodução)
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 ouve o diretor-executivo da seguradora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, nesta quarta-feira (22). A empresa especializada em planos de saúde para idosos é acusada de ter realizado um estudo com seus pacientes para estimular o uso de hidroxicloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada no combate à Covid-19.
Nesse estudo, a Prevent Senior teria ocultado mortes que ocorreram com alguns pacientes testados para distorcer o resultado e fazer crer que o uso da medicação tinha obtido bom resultado. Um destes casos é o do médico bolsonarista Anthony Wang, que morreu de Covid após recomendar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a adoção do tratamento precoce com cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina.
De acordo com o dossiê, nove pessoas morreram durante a pesquisa, mas o estudo mencionou apenas duas mortes. Esse estudo chegou a ser divulgado e elogiado por Bolsonaro como exemplo do sucesso do tratamento precoce.
O depoimento de Pedro Benedito Batista Júnior era aguardado para a quinta (16) passada, mas o empresário não compareceu alegando que não houve tempo hábil para se programar e estar presente na comissão. Posteriormente, ele recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de habeas corpus que lhe garante o direito de permanecer em silêncio em questionamentos que possam incriminá-lo. A medida foi concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski.
A convocação do diretor da Prevent foi requerida pelo senador Humberto Costa (PT-PE). O congressista afirma que diversas denúncias de usuários da Prevent Senior relacionadas ao tratamento precoce têm chegado à CPI. Uma dessas denúncias está anexada ao requerimento do senador. Em um dos trechos consta o seguinte relato:
“Minha companheira testou positivo ontem e ao passar pela consulta o médico disse que era protocolo da empresa oferecer o kit. Ela recusou. Mais tarde, em casa, recebeu um telefonema de um funcionário insistindo em que ela aceitasse tomar o kit com cloroquina, porque era o único remédio para isso, e que se a doença ficasse pior, não tinha o que fazer, a não ser entubar”, diz a mensagem.
O senador e demais integrantes da CPI têm reforçado que é inadequado o uso de recursos públicos para a aquisição, distribuição e indução de medicamentos do chamado tratamento precoce, como a cloroquina e a hidroxicloroquina, sem respaldo científico.
Texto: Gerson Severo Dantas, com informações do Congresso em Foco
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