Processo de desinvestimento da Petrobras e política de preços do governo federal impactam mais o mercado interno do que os efeitos da guerra Rússia x Ucrânia, diz Sindipetro.
Venda de refinarias ameaçam empregos no Pais, diz Sindipetro-AM (Foto: Divulgação/Petrobras)
Indefinição na política de preços dos combustíveis para o consumidor, a ameaça de desabastecimento e uma guerra no Leste Europeu, pressionando ainda mais o valor do petróleo. Os cenários externo e interno refletem diretamente no bolso do brasileiro e para o Sindicato dos Petroleiros no Amazonas (Sindipetro-AM), o País poderia estar em uma situação mais cômoda se não fossem a política de paridade de preços com o mercado internacional e o processo de desinvestimento da Petrobras, ambas executadas pelo governo Bolsonaro. Para o sindicato, o governo causa mais prejuízos do que o conflito.
Em nota enviada ao RealTime1, o Sindipetro avalia o risco de desabastecimento de combustíveis no País e suspensão das importações de diesel e responsabiliza, principalmente, o governo federal pelo quadro geral.
O mercado vem ventilando que pode haver desabastecimento no País com a demora do governo e do Congresso em encontrar uma solução para o reajuste de combustíveis, pauta anterior ao conflito Rússia x Ucrânia.
Os preços nas refinarinas da Petrobras estão com uma defasagem em relação ao valor internacional acima de 50% e as importações estão sendo suspensas, especialmente de diesel, o que pode, em longo prazo, resultar em desabastecimento nas bombas, conforme apurado pelo Estadão Conteúdo.
Para o Sindipetro-AM, “o conflito entre os países Ucrânia e Russia afetam o Brasil diretamente no setor de fertilizantes, após negociação da Petrobras com o Grupo russo Acren da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3. A saída da Petrobras do setor de fertilizantes aumentou a dependência das importações russas no setor”.
Em relação ao desemprego e desabastecimento, o Sindipetro-AM esclarece que ambos podem ocorrer devido ao processo de venda dos ativos da Petrobras que ocorre desde 2019 como plano econômico do atual governo federal e não devido ao conflito externo.
“Portanto, a venda das refinarias nas regiões, incluindo a Refinaria de Manaus, irá acarretar monopólio regional privado com risco de desabastecimento, alta no valor do combustível e desemprego. O processo de venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), que passou a ser chamada de Refinaria de Mataripe após a venda, é exemplo das consequências do processo de privatização”, diz o sindicato.
Sem desconsiderar o atual contexto geopolítico, o Sindipetro-AM termina o posicionamento ressaltando a “importância de defender a Petrobrás como empresa estatal, operando com 100% das suas refinarias autossuficientes, sem depender de qualquer política externa, como o PPI. O Sindipetro-AM defende o fim do PPI e a suspensão do processo de venda das refinarias”.
Texto: Emerson Medina, com informações do Estadão
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