Jornalista Natália Leal participou do webinário do portal RealTime1, com o tema “FACT-CHECKING – As consequências da desinformação e das fake news para a democracia”.
Natália Leal comanda Agência Lupa, primeira agência de checagem de notícias do Brasil (Foto: Reprodução)
Fake news [notícias falsas], desinformação ou simplesmente mentiras… Não importa o termo mais apropriado. Se você acredita e espalha uma notícia mesmo quando as fontes das informações são duvidosas, a culpa não é da imprensa. É o que defende a jornalista e diretora de conteúdo da Agência Lupa, Natália Leal.
“A desinformação não é um problema jornalístico. É um problema social e muitas vezes psicológico”, afirmou Natália, jornalista e diretora de conteúdo da Agência Lupa, a primeira agência de fact-checking (checagem de notícias) do Brasil.
A declaração pode até parecer uma tentativa da profissional de “tirar o corpo fora” em relação à responsabilidade do jornalismo em checar e divulgar informações verdadeiras ao público. Mas faz sentido quando escutamos tudo que foi dito pela palestrante do terceiro webinário do portal RealTime1, realizado nesta terça-feira (22), com o tema “FACT-CHECKING – As consequências da desinformação e das fake news para a democracia”.
Natália afirmou que os trabalhos das empresas de checagem também são postos em descrédito, a exemplo dos ataques que veículos de comunicação e jornalistas sofrem em relação à veracidade do que informam.
“Volta um pouco para aquela questão do quanto as pessoas querem acreditar nisso [fake news] e reafirma um outro argumento que trouxe que a desinformação não é um problema jornalístico. É um problema social e muitas vezes psicológico. Já temos alguns estudos de neuropsicologia e neurociência que mostram que algumas estruturas cerebrais são mais ou menos desenvolvidas em quem acredita ou não acredita em desinformação. Em quem propaga ou não”, declarou.
A diretora de conteúdo da Agência Lupa também explicou que a desinformação se fortalece à medida em que o trabalho jornalístico é desacreditado por quem tem interesse em divulgar notícias falsas. Mas fatores subjetivos interferem também.
“Nós sempre temos uma parcela da população que não se dobra. Que é tão apegada às suas próprias crenças, que é muito difícil falar com essas pessoas. Isso não é só para os checadores [de notícias], isso é para o jornalismo de um modo geral e isso é para vários outros âmbitos da nossa vida em sociedade”, disse Leal, ao afirmar que o comunicador precisa recuperar seu espaço como fonte confiável de notícias.
Coordenador do curso de Jornalismo da Faculdade Boas Novas, Hernán Gutiérrez, também participou do debate sobre “FACT-CHECKING – As consequências da desinformação e das fake news para a democracia”, do webinário RealTime1+1. Ele afirmou que a produção de notícias falsas é intensa por ut critérios questionáveis.
“Temos mais pessoas acreditando na repercussão do fato do que no fato em si”, declarou Gutiérrez, ao analisar que criar desinformação exige um trabalho raso e que na maiorias das vezes possui cunho ideológico. “Por isso é difundido rapidamente [as fake news]“, completou.
E na próxima terça-feira (29), às 15h, o quarto e último evento do webinário será uma mesa-virtual com o tema “JORNALISMO, MENTIRAS E DESINFORMAÇÃO | A manipulação da informação na produção de conteúdo”, com a participação do presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas, Wilson Reis, além do sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcelo Seráfico.
Texto: Diogo Rocha
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