Políticos do Amazonas na lanterna de pesquisas eleitorais tentam induzir eleitor na internet, mas resultado de enquetes não se aproxima da realidade, apontam especialistas.
(Foto: Antônio Augusto/TSE)
Em ano de eleição a movimentação política é intensa para tentar medir a popularidade do candidato e o nível de confiança do eleitor sobre quem irá disputar o pleito. No entanto, candidatos que figuram na lanterna dos levantamentos de institutos de pesquisas acabam recorrendo a outros meios, como enquetes em redes sociais para demarcar território e, muitas vezes, confundir o eleitor.
Sem comprovação científica, as enquetes não disponibilizam não utilizam amostras balanceadas muito menos preocupação com os métodos com que são aplicadas, por isso, não tem valor técnico-científico capaz de mensurar a intenção de votos.
Conforme o professor Afrânio Soares e diretor-presidente do Instituto Action Pesquisas de Mercado, no caso de enquetes não há um processo de decisão e definição dos parâmetros para uma especificação completa ou relevante baseada no resultado.
“Há casos que, por exemplo, um único usuário pode votar várias vezes em determinada opção. Então, não há controle de quantas pessoas, de fato, participaram daquele levantamento”, revela.
Para entender melhor, Afrânio explica que a amostra precisa representar o perfil do universo, mas no caso das enquetes não é possível traçar esse perfil.
“As enquetes não têm controle de participação. Então, por exemplo, você tem 5 mil pessoas – e não tem dados dessas pessoas – muitas vezes o usuário de um IP [Protocolo da Internet] pode votar dez vezes ao dia na enquete, sem controle algum de participantes. Uma pesquisa eleitoral tem um controle de amostra. A amostra tem que representar o perfil do universo. Se você fizer com 1 mil mulheres, não vai compor o perfil do universo porque vai faltar homens. O mesmo acontece ao contrário ou em grupos de faixa etária ou classe social diferentes”, exemplifica o professor.
Segundo o diretor-presidente da Action Pesquisas, as enquetes têm resultados díspares (desiguais), que não correspondem à realidade.
“Algumas enquetes são induzidas, ou seja, as perguntas são colocadas de forma a induzir que as pessoas respondam de determinada forma”, enfatiza Afrânio Soares.
A explicação do professor se encaixa muito bem nas notícias que sites bolsonaristas têm veículado na mídia. A exemplo, o site Terra Brasil Notícias, com sede no Nordeste e alcance nacional, tem sustentado, por meio de enquetes, que o bolsonarista Coronel Menezes lidera as intenções de votos do eleitorado no Amazonas. A notícia, inclusive, foi replicada por outros sites bolsonaristas regionais.
Apesar de não terem caráter científico, a Legislação Eleitoral permite que as enquetes sejam realizadas até 15 de agosto. A partir do dia 16, data prevista para o início da propaganda eleitoral, elas passam a ser proibidas, conforme a advogada Maria Benigno, especialista em Direito Eleitoral.
“Podem ser feitas desde que esteja muito bem esclarecido para o eleitor e cidadão comum de que não se trata de uma pesquisa, mas, sim, apenas uma enquete sem caráter científico”, lembra a advogada.
Com base na legislação eleitoral, nesse momento, blogs e portais podem fazer enquete até a data do início da propaganda eleitoral, deixando claro que não se trata de uma pesquisa eleitoral e não segue critérios técnicos e rigorosos, como é o caso das pesquisas eleitorais registradas.
A norma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autoriza o exercício do poder de polícia contra a divulgação de enquetes, inclusive com a expedição de ordem para que seja removida, sob pena de crime de desobediência à Justiça Eleitoral.
Da Redação
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