sábado, 18 de maio de 2024

faça parte da Comunidade RT1

ALERTA

Operando com 64% da capacidade, indústria química atinge pior patamar dos últimos 30 anos

Um dos principais fatores que contribuem para esta crise é o aumento de entrada de produtos químicos importados.
COMPARTILHE
Indústria química. Foto: Saulo Roberto
Indústria química. Foto: Saulo Roberto

A indústria química brasileira enfrenta um cenário desafiador no primeiro bimestre de 2024, operando com apenas 64% de sua capacidade instalada, o nível mais baixo desde 1990. Este dado, divulgado pelo Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), destaca uma queda de dois pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2023. O nível de ociosidade, de 36%, é o pior patamar dos últimos 30 anos. 

A indústria química é responsável por abastecer de matérias-primas diversos setores econômicos – agricultura, transporte, automobilístico, construção civil, saúde, higiene e até aeroespacial.

Segundo o RAC, o uso da capacidade permanece no patamar médio de 2023, nível inadequado para o perfil de operações do setor e o mais baixo de toda a série histórica, desde 1990.

Entre os grupos de produtos químicos de uso industrial, destaque para as ociosidades de:

  • intermediários para fertilizantes (39%);
  • intermediários para plásticos (40%);
  • intermediários para fibras sintéticas (79%);
  • intermediários para plastificantes (60%).

Segundo Fátima Coviello, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a entidade vem apontando, há algum tempo, para os riscos de se operar a tão baixa carga no setor, sobretudo por conta dos resultados de produtividade e de eficiência que desestimulam a continuidade da produção.

Receba notícias do RT1 em primeira mão
quero receber no Whataspp
Quero receber no Facebook
Quero receber no Instagram

“Infelizmente, algumas empresas paralisaram atividade para manutenções preventivas e outras já falam em hibernar plantas, tornando o risco uma realidade”, alerta.

Um dos principais fatores que contribuem para esta crise é o aumento de entrada de produtos químicos importados. No primeiro bimestre de 2024, as importações aumentaram 6,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as exportações caíram 1,04%.

Essa dinâmica destaca a dificuldade do setor em competir com a agressividade do importado e buscar alternativas no mercado externo. 

Além disso, a indústria química enfrenta deflação de 0,44% no segmento de produtos químicos industriais, refletindo as tendências do mercado internacional e a posição da indústria brasileira como tomadora de preços.

Apesar dos desafios, o Brasil possui vantagens competitivas significativas que poderiam impulsionar o setor. A disponibilidade de gás natural do pré-sal e uma matriz de energias renováveis são diferenciais que poderiam apoiar a recuperação e crescimento da indústria química no país.

Além disso a alta produtividade na produção de biomassa e a matriz energética limpa do Brasil são ativos que poderiam posicionar o país como líder na indústria química verde.

Coviello salienta a importância de aproveitar essas vantagens para transformar a economia brasileira em uma economia circular, que valorize a reciclagem e reutilização, minimizando o impacto ambiental e promovendo inovação e novas oportunidades de negócio.

“Isso representa um potencial de crescimento concreto, engajamento na transição de uma economia linear para uma que redesenha, recicla, reutiliza e remanufatura, elimina o descarte de resíduos e que protege o meio ambiente, promovendo a inovação e novas oportunidades de negócios”, finaliza a diretora da Abiquim. 

Leia Mais:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COMPARTILHE