Retração econômica decorrente da pandemia gerou aumento de devedores, no país. Por outro lado, percentual de famílias com contas em atraso caiu pelo quinto mês seguido.
Cartão de crédito é a principal modalidade das dívidas. (Foto: Reprodução)
Levantamento divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que o número de famílias endividadas no Brasil cresceu.
Em janeiro de 2021, o percentual de brasileiros com dívidas foi de 66,5%, um aumento de 0,2% em relação a dezembro do ano anterior e de 1,2% quando comparado a janeiro de 2020.
Os números são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) e consideram dívidas como cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal, prestações de casa e carro, carnês, crédito consignado.
A principal modalidade de dívidas das famílias brasileiras segue sendo o cartão de crédito, que em janeiro atingiu a máxima histórica de 80,5% do total de famílias – contra 79,4% em dezembro.
Em 2020, o percentual médio de famílias endividadas no cartão foi de 78%. Também houve avanço em dívidas com crédito pessoal e carnês no primeiro mês do ano.
Na avaliação do presidente da CNC, José Roberto Tadros, o cenário, a princípio, não é negativo, principalmente em função dos impactos da pandemia.
“Temíamos uma escalada do número de inadimplentes no país. O auxílio emergencial ajudou a evitar o pior cenário, e a economia soube se reinventar na medida do possível. Mas este ano vai ser chave para observarmos o comportamento do crédito e da inadimplência”, disse.
A Peic de janeiro aponta ainda que o percentual de famílias com contas em atraso caiu pelo quinto mês seguido, alcançando o índice de 24,8%.
Embora esteja um ponto percentual acima do apurado no mesmo mês do último ano, a proporção é a menor registrada desde fevereiro de 2020 – período anterior à pandemia.
A parcela de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas também diminuiu em relação a dezembro, passando para 10,9% do total em janeiro. Há um ano, o indicador havia alcançado 9,6%.
“Com o fim do auxílio e o atraso no calendário de vacinação, as famílias de menor renda precisarão adotar maior rigor na organização do orçamento. Essa conjuntura faz o crédito ter papel ainda mais importante na recomposição da renda. É preciso seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas para manter a inadimplência sob controle”, alerta Izis Ferreira, economista responsável pela pesquisa.
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