Estudo inédito da realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) avaliou o comportamento do suicídio no Brasil em 2020 e registrou parte dos efeitos indiretos associados à primeira onda da pandemia de Covid-19 sobre as mortes por suicídio, com aumento significativo nas regiões Norte e Nordeste. em homens com 60 anos e mais da Região Norte, o excesso de suicídios alcançou 26%.
Ainda conforme o estudo, nas mulheres de 30 a 59 anos da região Norte, durante dois bimestres consecutivos, também houve o excesso de suicídios. Padrão também observado nas mulheres com 60 anos e mais do Nordeste, com excesso de suicídios de 40%.
O epidemiologista Jesem Orellana, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), e o médico psiquiatra Maximiliano Ponte, da Fiocruz Ceará, avaliaram dados oficiais de mortalidade do Ministério da Saúde do Brasil.
O objetivo da pesquisa foi estimar o excesso de suicídios no Brasil e avaliar padrões dentro e entre as regiões do País. A pandemia de Covid-19 já resultou em mais de 6 milhões de mortes diretas em todo o Mundo e outras centenas de milhares de mortes indiretas, como o suicídio.
Os autores salientam que países de baixa e média renda como o Brasil, foram severamente atingidos, não só pelos efeitos diretos sobre a mortalidade, mas também por seus efeitos indiretos em outras causas de morte.
No artigo intitulado “Excess suicides in Brazil: inequalities according age groups and regions during the Covid-19 pandemic” (“Excesso de suicídios no Brasil: desigualdades segundo faixas etárias e regiões durante a pandemia de Covid-19), os cientistas explicam essa relação e apresentam os resultados inéditos do estudo.
A conclusão foi de que, apesar da diminuição geral (13%) na taxa de suicídios no Brasil no período avaliado, houve um excesso substancial de suicídios em diferentes faixas etárias e sexos das regiões Norte e Nordeste do País. O trabalho foi aceito para publicação no International Journal of Social Psychiatry, tradicional periódico que abrange pesquisas no campo da psiquiatria social.
Jesem Orellana salienta que o suicídio é um problema de saúde pública mundialmente disseminado e que figura como importante causa de morte prematura, especialmente na América Latina. “Por isso, é fundamental conhecer a sua magnitude, distribuição e possíveis razões, visando a sua prevenção”, explica, acrescentando que sua ocorrência pode variar amplamente, dependendo da dinâmica social, econômica, sanitária e de coesão social, especialmente em momentos de forte instabilidade como em guerras ou pandemias.
“Elevadas taxas de suicídios têm sido associadas a fatores biológicos como sexo ou idade, bem como a fatores sociais e transtornos mentais, especialmente ansiedade e depressão”, cita.
Com informações da Assessoria
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