Artigo publicado pela ‘The Lancet’, uma das revistas científicas mais prestigiadas no mundo, destaca que os efeitos da Covid-19 serão mais prolongados entre as populações mais vulneráveis. A matéria divulga análises de especialistas em saúde, incluindo a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima e o o superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virgilio Viana.
De acordo com a matéria, a falta de um consenso para ações preventivas ameaça famílias e comunidades de forma desproporcional. “A longo prazo, as desigualdades na saúde, no bem-estar físico e socioeconômico serão ampliadas por todo o mundo”, diz o texto.
A questão da falta de transparência com os dados de saúde divulgados, envolvendo ou não a Covid-19 é apontada como uma prática comum dos governos, o que faz com que a gravidade real do problema seja subestimado. Vale lembrar, embora não citado pela revista, que o Brasil teve sofreu um recente o ataque de hackers ao sistema de dados do SUS relacionados à Covid-19, o que gerou um ‘apagão’ que até o momento não foi equacionado.
Para Nísia Trindade Lima da Fiocruz a atualização de dados podem ajudar a criar políticas públicas. “A pandemia nos obriga a resgatar uma perspectiva sobre como a proteção social e a cobertura universal para assistência de saúde foram negligenciadas na última década. Os efeitos populacionais de fenômenos ambientais e sociais são sentidos mundialmente, principalmente por pessoas em situação de vulnerabilidade. Não é mais possível encarar a desigualdade como se não fosse um problema de todos”, afirma na matéria.
Virgílio Viana da FAS, menciona os desafios que comunidades indígenas e ribeirinhas enfrentam na parte brasileira da Floresta Amazônica por conta da Covid-19. “Em relação à Amazônia, o atendimento às questões de saúde em áreas indígenas e populações tradicionais da Amazônia profunda merece uma atenção especial, como podemos ver com a chegada do vírus nas comunidades”.
Quando se fala em populações vivendo em situação de vulnerabilidade estão incluídos indivíduos que enfrentam exclusão sistemática e discriminação devido a fatores como idade, deficiência, raça, etnia, gênero, classe econômica, religião, credo ou crença, identidade de gênero, orientação sexual e situação migratória, além daqueles que estão em conflitos e apátridas. Pessoas que estão encarceradas, com condições crônicas de saúde (como deficiências mentais), vivendo em moradias inadequadas e expostas à degradação ambiental, poluição do ar e em risco pela mudança climática também são afetadas.
O estudo concluiu que o mundo chegou a um momento crucial, exigindo mais do que nunca uma resposta colaborativa para ampliar o acesso universal à saúde e proteção social.
Com informações da Fiocruz
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