sexta-feira, 29 de março de 2024

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Documentação de crianças e adolescentes é prioridade para migrantes

A regularização de documentos de crianças e até de adolescentes que chegam à cidade desacompanhados tem sido uma das principais demandas dos migrantes venezuelanos.
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DPE-AM

Nuglis Gonzalez, 32, buscou, nesta terça-feira (17), atendimento para a emissão da carteira de identidade do filho mais novo, que nasceu há 2 meses em Manaus.

Ela e o bebê são alguns dos migrantes venezuelanos atendimentos pela Defensoria Pública do Estado (DPE-AM), em ação realizada conjuntamente com a Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) e Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) no abrigo do bairro Coroado, Zona Leste de Manaus.

A regularização de documentos de crianças e até de adolescentes que chegam à cidade desacompanhados tem sido uma das principais demandas dos migrantes, segundo os órgãos de atendimento.

Nuglis está há 8 meses em Manaus, com duas filhas adolescentes, de 14 e 17 anos, além do bebê de 2 meses. Chegou em fevereiro, para passar alguns meses com a irmã que já mora aqui, mas foi pega de surpresa pela pandemia, contou a venezuelana, em espanhol.

Segundo ela, toda a documentação das outras filhas e a dela está regular, faltando apenas a identidade do bebê. Nesta manhã, ela também aguardava orientações para encaminhamento de atendimento da filha mais velha, que está em final de gravidez.

“Registro e CPF, já tem. Falta a identidade”, disse ela, em espanhol, se referindo ao caçula. Nuglis e a família foram encaminhadas para a Defensoria Pública para o atendimento da DPE-AM e da Sejusc.

Durante o atendimento na terça-feira (17), a Defensoria também prestou assistência jurídica para outras demandas, como guarda, divórcio e regularização de crianças e adolescentes desacompanhados de responsáveis legais.

O abrigo do Coroado tem hoje 60 pessoas acolhidas, sendo que 24 são crianças ou adolescentes, segundo informações da Seas, responsável pela administração do local.

De acordo com o defensor público Rodolfo Lobo, que responde pela Defensoria Pública Especializada na Defesa de Direitos Humanos, a instituição percebeu que, neste ano, muitas demandas dos migrantes ficaram represadas após a suspenção de alguns serviços por conta da pandemia e agora há a necessidade de maior atenção a essa população.

“Então, viemos para a unidade do Coroado para atender todas as famílias, tanto crianças e adolescentes, quanto adultos e idosos. Com a parceria de Seas e Sejusc, buscamos atender essas demandas e resolver as necessidades jurídicas das pessoas venezuelanas que estão hoje me Manaus”, afirmou.

Outros dois mutirões de atendimento jurídico aos venezuelanos serão realizados nesta quarta-feira (18) e na quarta-feira da próxima semana, dia 25, no Posto de Interiorização e Triagem de Manaus (Pitrig), localizado na Avenida Torquato Tapajós.

“Nas próximas duas quartas-feiras, o atendimento será para aquelas pessoas que não estão em acolhimento hoje. Quaisquer pessoas venezuelanas poderão ser atendidas pela Defensoria Pública, nas próximas duas quartas-feiras, no Pitrig”, disse Rodolfo Lobo.

O chefe do Departamento de Proteção Social Especial da Seas, Keyne Mendonça do Carmo, explicou que, para garantir os direitos dos migrantes abrigados, a secretaria precisa que eles estejam devidamente documentados.

“Assim, podem ter essa recuperação social e serem inseridos no nosso mercado de trabalho. Então, o trabalho junto com a Defensoria é para identificar qualquer tipo de documentação necessária, além de demandas pessoais como guarda, divórcio, menor sem responsável, sem registro”, afirmou.

Adolescentes desacompanhados

A gerente de Migração, Refúgio, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo da Sejusc, Maria José de Oliveira Ramos, informa que há uma grande preocupação das instituições com relação a adolescentes venezuelanos que estão chegando a Manaus desacompanhados e sem documentação, o que os deixa ainda mais vulneráveis.

“Temos encontrado alguns adolescentes totalmente desacompanhados, que chegam sem nenhuma documentação. Então existe uma grande preocupação nossa, enquanto Estado, de regularizar a documentação desses adolescentes, até por questão de prevenir violação de direitos humanos. E eles ficam muito vulneráveis a várias violações que podem sofrer, assim como violências urbanas”, afirmou Maria José.

A gerente de Migração explica que, nesses casos, primeiro se identifica o adolescente, é feita uma escuta para saber como ele ou ela chegou ao país e, a partir daí, é dado encaminhamento para um abrigo.

A rede de atendimento também busca alguém próximo que possa assumir o termo de responsabilidade sobre o adolescente.

“Buscamos alguém que possa acompanhar esse adolescente e, geralmente, eles são encaminhados para um abrigo, para que fiquem mais protegidos. Essa é que é a intenção”, afirmou.

Maria José diz ainda que a parceria com a Defensoria já é antiga e que os órgãos atuam como grandes articuladores dos serviços da rede de atendimento.

O objetivo é facilitar o acesso dos migrantes aos serviços jurídicos, porque muitos já chegam com pendências, como a questão de guarda, adolescentes desacompanhados e precisam desse atendimento, não só da Defensoria Pública do Estado, como também da União”, concluiu.

Fonte: Secom

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