Médica infectologista relatou que o consumo de oxigênio em um paciente internado, na fase inicial, começa com três litros do gás e pode chegar a 15 litros por dia.
O aumento no número de casos de Covid-19 mergulhou Manaus na segunda onda com o crescimento dos óbitos e até escassez de oxigênio nas unidades de saúde.
O consumo diário de oxigênio de uma pessoa internada com Covid-19 depende do grau de comprometimento do pulmão, conforme a médica infectologista Denise Pinheiro.
Ela relatou que pacientes internados, em fase inicial, consomem três litros do gás por dia e outros chegam a usar 15 litros com o agravamento da doença virtal. E entubados demandam mais oxigênio.
A demanda por oxigênio no Amazonas cresceu cinco vezes. Hoje, para abastecer todos os hospitais públicos são necessários 76,5 mil metros cúbicos por dia. Esbarra na capacidade de produção das empresas que atendem o Amazonas, resultando na escassez do produto nas unidades de saúde.
A White Martins, fornece gás para o Estado, produz diariamente 25 mil metros cúbicos, em Manaus. No mercado, cilindros de oxigênio hospitalar têm capacidade para cinco, sete, 20 e 50 litros, a depender do fabricante.
“Eles começam com uma quantidade pequena e observamos como vão evoluir. Normalmente, tem que fazer fisioterapia e baixa muito a saturação precisando aumentar a quantidade de oxigênio. Mas há pacientes que o comprometimento pulmonar foi tão intenso que mesmo sem a fisioterapia só conseguiam respirar com esses 15 litros por dia. Esse é o máximo que uma pessoa pode aguentar”, explicou a médica.
A infectologista disse que um cilindro pode ser usado por até uma semana em pacientes com dano pulmonar leve, contudo em casos graves o consumo pode ocorrer em um único dia.
A médica afirmou que estimar a demanda de oxigênio de uma unidade hospitalar exige uma análise mais ampla, mas que é possível.
“Já havia sido anunciado que teríamos uma situação grave como essa. O setor de logística deveria ter se programado. Poderia ter feito uma conta de quantas pessoas precisam de oxigênio por dia, colocar uma porcentagem em cima disso e, assim, já se precaver com relação ao oxigênio”, relatou.
O número de internações por Covid-19 na capital dobrou nas duas últimas semanas. Até este sábado, 363 pacientes das redes pública e privada de saúde aguardavam um leito para internação, a maioria em Manaus, o equivalente a 310 pessoas.
De acordo com a médica, o transporte de cilindros de oxigênio não pode ser feito em voo comercial por ser um material inflamável . Ela alertou para os riscos no processo de recarga das balas em condições desfavoráveis.
“Quem pode garantir se for uma coisa clandestina que só tem oxigênio ali dentro? Pode ser que tenha outro gás porque podem misturar. E a recarga no meio da rua existe o perigo de pegar fogo e explodir. É arriscado”, disse.
Da Redação