Bate-boca iniciou quando Josué abriu a votação e Alessandra o interrompeu pedindo a alteração do regimento que permitia o ato. Apenas três deputados fizeram coro à deputada.
Alessandra usou a Tribuna para dizer que a Constituição e Regimento foram rasgados na Aleam (Foto: Reprodução)
Um fato que chamou atenção de quem assistia à eleição da nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), na tarde desta quinta-feira (3), foi a maioria dos parlamentares ficar em silêncio enquanto a deputada Alessandra Campêlo (MDB) denunciava que o regimento da Casa “estava sendo rasgado” ao ser permitido o pleito que definiu Roberto Cidade (PV) como presidente da Aleam para o biênio 2021-2022.
“Deputados sem escrúpulos convocaram os membros da CCJ [Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania] e aprovaram, em três minutos, a PEC e o regime de urgência. Mas não mudaram o regimento da Casa que dita as normas gerais. Porque além de ambiciosos e gananciosos, a pressa em aplicar o golpe fez vocês esquecerem o básico. Golpistas, apressados, gulosos, ambiciosos e burros”, atacou a deputada.
Ao descer da Tribuna, Alessandra e o presidente da Casa, Josué Neto (PRTB), seguiram a discussão sobre o que dita o regimento interno. De forma acalorada e com o dedo em riste, Alessandra disse que estava no seu direito de questionar os trâmites da votação.
“Não venha com gracinhas. O senhor é covarde com mulheres”, acusou Alessandra que recebeu um sorriso irônico como resposta e uma frase clichê de Josué: “Só que não”.
O bate-boca seguiu quando o presidente da Aleam abriu a votação e Alessandra o interrompeu pedindo a alteração do regimento que permitiria o ato.
Os únicos deputados que fizeram coro à Alessandra na busca por defender o regimento foram Belarmino Lins (PP), Saullo Viana (PTB) e Joana D’arc (PL).
Belão, inclusive, pediu 10 minutos para que pudesse falar na Tribuna sobre a “manobra”.
“Num deslocamento meteórico se faz emenda constitucional, aprova-se, publica-se, sem dar nenhuma satisfação ao povo amazonense”, afirmou o parlamentar, que já foi presidente da Aleam por três vezes e era candidato a mais um biênio na presidência da Casa. “O revés virá”, alertou o deputado decano.
“Dou a sugestão de que os candidatos à presidência falassem e enfrentassem esse momento, se colocasse o que planejam”, complementou Saullo.
Interrompido por Alessandra, que disse que não havia regimento, Josué pediu que ela não se manifestasse e, mais uma vez, os dois discutiram no plenário. Enquanto ela solicitava a obediência ao regimento, ele dava continuidade ao ato que elegeria Cidade como presidente da Casa.
“Eu não tenho obrigação de lhe responder, deputada. Existe um movimento para tumultuar a eleição”, disse Josué, dando andamento à votação.
“Não. Existe um movimento para um golpe de Estado”, rebateu a deputada. Os demais deputados não se pronunciaram e deixaram a eleição acontecer, mesmo sob protestos e denúncias de Alessandra.
Reportagem: Rosianne Couto
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