Enquanto o País registra uma letalidade média de 2,4%, em Manaus essa taxa chega a 5,32%. Se essa fosse a taxa nacional, 600 mil já teriam morrido.
O Amazonas contabilizava, até a terça-feira (9) 11.341 mortes
O poder de morte que a Covid-19 mostrou em Manaus colocou a cidade entre os primeiros lugares no mundo na taxa de letalidade da doença. Conforme o último boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), a capital amazonense registrou 150.986 casos da doença, com 8.041 mortos, o que resultou numa taxa de 5,32%
Para se ter ideia do tamanho desse drama, o painel Coronavírus (saude.gov.br) registra uma letalidade média no País de 2,4%. Em números, o Brasil teve até esta terça-feira (9) 11 milhões 122 mil e 429 casos da doença. Desses, 268.370 foram a óbito. Somente na terça (9), 1.972 pessoas perderam a vida por conta da Covid, um recorde desde o início da pandemia no País. Se a média nacional fosse equivalente à de Manaus (5,32%), já teriam morrido no Brasil 591.713 pessoas. Mais que o dobro da performance atual.
Em termos de Amazonas, a taxa de letalidade aqui também é maior que a média nacional: 3,38%. Em termos absolutos foram 326.174 casos da doença, com 11.341 mortes. Se a média nacional fosse igual à do Amazonas, hoje o país estaria com quase 376 mil mortos, cem mil mortes a mais do que o total de hoje.
De acordo com o epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz, Jesen Orellana, os números do Estado são fruto da má gestão da pandemia. “Eles ignoraram os alertas e os resultados estão ai”, disse o cientista.
Para o mestrando do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Lucas Ferrante, em entrevista ao site The Intecept Brasil, a performance das autoridades em Manaus coloca em risco o Brasil e o mundo. “O que vemos no Brasil hoje já é reflexo da variante de Manaus, a P1. É preciso fechar o Amazonas para circulação local, nacional e internacional. É urgente!”, alerta Ferrante, que participa de um estudo com profissionais de diversas áreas e cujos resultados preliminares apontam que a capital amazonense vai viver uma eterna onda de Covid até o fim do ano, com o número de casos diários chegando a 75 mil, com um platô de estabilidade na casa dos 50 mil casos/dia.
Segundo Ferrante, a variante P1 é duas vezes mais transmissível que a chinesa. “Se propagando duas vezes mais rápido como estamos vendo e sem medidas de controle, as chances de (surgirem) novas variantes são ainda maiores”, diz Ferrante, enfatizando ao The Intercept Brasil que a capital amazonense já pode ser considerada epicentro mundial de uma nova onda da pandemia.