O estudo, publicado como Nota Técnica Número 7, volume 1, do Departamento de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas (DEA/Ufam), dia 10 de junho, apontou que os amazonenses consumiram diversos remédios caseiros oriundos de alimentos e plantas medicinais para prevenir ou tratar a covid-19. O consumo de garrafadas, diante de cura desconhecida para o coronavirus, foi triplicado.
Limão, jambu, mel de abelhas, mastruz e andiroba estão entre os produtos mais usados como remédios caseiros na região. Diante de uma doença nova, como a Covid-19, e do desconhecimento de cura para a enfermidade, muitas soluções, como as garrafadas de chá de cupim e o xarope de cupim que, segundo o conhecimento tradicional, possuem propriedades curativas, foram usadas para tratar a doença e tiveram consumo triplicado.
“Além das plantas medicinais para combater problemas respiratórios, também foram bastante utilizadas as conhecidas por combaterem a ansiedade e a depressão, consequências do isolamento social recomendado para evitar a propagação célere da doença. Tais usos demonstram o potencial da biodiversidade amazônica e a necessidade de investimentos na área de bioeconomia”, destacou o professor Dimas Lasmar.
Amazonenses preferem remédios caseiros
Outro resultado interessante apontado pela pesquisa foi o uso habitual das plantas medicinais e a preferência dos amazonenses em consumir remédios caseiros a sintéticos.
Na sondagem sobre o consumo de remédio caseiro para prevenção ou tratamento da covid-19, realizada entre 26 e 29 de maio de 2020, chamou bastante atenção o percentual de respondentes que já consumia remédios caseiros antes da pandemia. Mais de 80% dos respondentes usam habitualmente chás como o de jambu, gargarejos de limão com água morna, inalação de eucalipto com cravinho, entre tantas outras combinações.
“Durante a pandemia de covid-19, 64% dos 105 respondentes afirmaram ter recorrido a remédios caseiros, ainda que não tenham apresentado os sintomas da covid-19 e 48% dos participantes da sondagem, que apresentaram sintomas da doença, recorreram a remédios caseiros. A possibilidade de uso de dois tipos de remédio ao mesmo tempo, o temor da reação adversa dos medicamentos usados para tratamento e a tradição familiar foram os principais argumentos para justificar o uso dos remédios caseiros”, observa o professor Alexandre Rivas.
Aposta na bioeconomia precisa ser fortalecida
De acordo com o DEA/UFAM, pesquisadores destacaram que diante desse cenário, a aposta na bioeconomia precisa ser fortalecida.
“A covid-19 reforçou o debate sobre a produção de medicamentos fitoterápicos para o enfrentamento do novo coronavírus e de outras doenças, a partir de plantas medicinais amazônicas, já que existe uma demanda habitual e cultural por elas, de acordo com a professora Rosana Mafra, uma das pesquisadoras do estudo.
A pesquisa indica ainda que há necessidade de qualificação de profissionais da saúde sobre o tema, embora o Sistema Único de Saúde (SUS) para promover ações de usos de fitoterápicos.
“A instalação, em 2019, do Polo Bioamazonas, que congrega instituições públicas e privadas de ensino, pesquisa, produção e serviços, entre elas a Ufam, foi um passo importante para a elaboração de propostas de promoção da cadeia produtiva de plantas medicinais da biodiversidade amazônica que estão em curso, importante iniciativa que atende à agenda da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a bioeconomia”, conclui a professora Rosana Mafra.
Com informações da Asscom/Ufam.