Justiça Federal negou o pedido de adiamento. Ministro da Educação confirmou a realização do exame e que apenas uma minoria é contra a realização da prova.
Com novo pico da Covid-19, professores pedem adiamento do Enem nos dias 17 e 24 de janeiro. Foto: Agência Brasil
Com a alta dos casos e mortes por Covid-19, professores do Amazonas pedem o adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) com a primeira prova marcada para o próximo domingo, 17. A segunda etapa será no dia 24.
Com mais de 6 milhões de inscritos em todo o país, a versão digital, que exige a presença do aluno no local de prova, será aplicada nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. Educadores temem que a realização do exame aumente a transmissão do novo coronavírus em Manaus, que sofre com a falta de leitos e o crescimento das internações, e no interior do estado.
Dos 216.112 casos de Covid-19 confirmados no Amazonas 89.999 são de Manaus e 126.113 do interior, conforme boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. Na capital, há o registro de 3.758 óbitos pela doença, enquanto nos 61 municípios as mortes somam 1.998.
“O Enem deveria ser adiado por uma questão de bom senso no momento em que o Amazonas e o Brasil passam por um clima tenso com essa nova onda. É preciso ter cautela uma vez que os alunos e todos que estarão envolvidos na aplicação da prova irão ter que se deslocar e irão se aglomerar em alguns pontos. É preciso que se adie para preservar a vida das pessoas”, declarou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas, professora Ana Cristina Rodrigues.
Favorável ao adiamento, o professor de cursinho preparatório para vestibular Ali Assi relatou que os estudantes estão apreensivos em relação à segurança sanitária durante todo o processo.
“Acredito que o ideal seja adiar as provas mais uma vez em virtude da situação caótica em que se encontra o sistema de saúde tanto público quanto privado, uma vez que promoverá a aglomeração de milhares de pessoas, principalmente, na entrada e saída das provas”, disse.
A reportagem do RealTime1 entrou em contato com uma estudante do ensino médio da rede pública de ensino, de 16 anos e que não quis se identificar, que relatou indecisão sobre a ida às provas. A mãe da aluna teme que a filha, que possui asma crônica, seja infectada durante o deslocamento e na aplicação da prova, com duração de 5 horas e 30 minutos.
A presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Amazonas, deputada professora Therezinha Ruiz (PSDB) enviou ofício ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, solicitando, em caráter de urgência, a suspensão da aplicação das provas. Ribeiro disse, em entrevista à CNN Brasil, que o Enem não será adiado e que apenas uma minoria é contra a realização da prova.
No documento, a parlamentar citou o lockdown decretado no Estado, a ausência de um plano formalizado de vacinação contra a Covid-19 e como agravante a extensão territorial, que demanda aos aplicadores a ida às comunidades e locais de difícil acesso com dias de antecedência.
“Isso gera uma grande preocupação para as autoridades de saúde, pelas condições de logística e distribuição dos insumos aos municípios do interior e regiões de difícil acesso, como as aldeias indígenas”, avalia a parlamentar.
A presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Manaus, vereadora Professora Jacqueline (Podemos) disse que não há condições de garantir que pessoas não sejam contaminadas e defendeu a realização do exame quando estabilizar o cenário epidemiológico ou após a imunização.
“Hoje, especialmente, em Manaus, vamos acelerar a contaminação e favorecer o caos, que já estamos vivendo. Vai piorar a situação. Sou terminantemente contra. Temos que dar prioridade à vida independentemente de qualquer situação. A palavra de ordem é isolamento social total e não colocar jovens na rua”, avalia a vereadora.
Rodrigues pontuou que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pela prova, construa uma nova estratégia de realização do Enem em mais etapas para evitar aglomerações e eventual disseminação do vírus.
A Justiça Federal negou o pedido da Defensoria Pública da União e do Ministério Público Federal, de adiamento do Enem e manteve a data das provas. Marcado para novembro de 2019, o exame foi adiado após forte mobilização de setores da educação. A nova data foi anunciada pelo governo, rejeitando consulta pública em que a maioria dos candidatos indicou preferir a aplicação em maio.